Por Júlia Ramalho
Transformadora
de pessoas e empresas na sua melhor versão
A situação...
Imagine que você está
trabalhando cada dia mais, mas seus resultados e os de sua equipe continuam
ruins. Você está cansado e confuso. Com certo desânimo, fica remoendo o assunto
e se perguntando o que deve ser feito. Enquanto analisa os números do mês anterior,
uma funcionária entra em sua sala. Sem tirar os olhos do computador, você pede
que ela diga o que quer. Sua melhor funcionária diz que quer sair da empresa.
Ela recebeu uma oferta de um antigo colega de trabalho. E agora, o que está
acontecendo?
O erro...
Nos últimos dezoito anos
como coach vi um grande número de gestores incorrerem num erro básico. O fato de
terem visão analítica e boas ideias, ou de serem bons em estabelecer o norte
das suas ações, não significa que sejam bons ouvintes.
É possível que as pessoas
da equipe estejam passando por problemas (seja na execução do trabalho, seja na
vida particular). É possível que tenha havido uma mudança nas expectativas do
cliente quanto ao serviço/produto ofertado. Há uma infinidade de possibilidades
que podem explicar o que está acontecendo... Mas, para entender a situação, é
preciso ouvir.
Saber ouvir...
O primeiro desafio de
ouvir se deve ao fato de termos que estar disponíveis. Quando estamos ocupados com nossos problemas,
ouvir se torna uma enorme dificuldade. Não conseguimos ouvir ninguém sem estarmos
“presentes”. A presença é uma dessas habilidades difíceis de ser definida: ela
diz do mundo interno de cada um de nós. É nossa capacidade de irradiar
autenticidade, de sermos espontâneos, sinceros. Envolve estar aberto para o
outro, atento à sua voz, ouvindo-o efetivamente, sem emitir julgamentos. É
estar ali para o outro e mais nada. Mas,
como fazer isso quando estamos na
correria, prestes a entrar em colapso? Quando nossos próprios pensamentos não
nos dão espaço para ouvir os pensamentos do outro?
O segundo desafio se
relaciona ao fato de que quem fala, muitas vezes, não sabe o que está falando. Muitos
acreditam que o processo de comunicação é passível de ser instrumentalizado,
formalizado para nos proporcionar uma comunicação “correta”. Mas como dizer em
palavras o que significa o olhar de uma pessoa? Como traduzir um sentimento? A
verdade é que estamos sempre tentando nos fazer entender. Mas, como humanos,
estamos também sempre entregues aos equívocos da comunicação. E saber ouvir é
também ter consciência dessa impossibilidade e de que todos os nossos
movimentos são, na verdade, tentativas de nos fazermos entender.
Por que a melhor funcionária quer sair da empresa? O que está
acontecendo com a equipe? Um caminho para responder a essa pergunta está em explorar o
que a equipe tem a dizer, mesmo que muitas vezes não seja claro o problema.
Através de conversas abertas é possível identificar histórias, fatos e
comportamentos que indicam o que pode estar acontecendo. É possível ouvir
quando, através da investigação, colocamos perguntas poderosas em cena.
Ouvir no fluxo do
“aham...”, com um monte de coisas na cabeça, com mensagens bipando, com
julgamentos antes do outro falar, não é, portanto, ouvir. É preciso procurar
sinais, coerências, ligar os pontos e, também, ajudar quem fala a expressar
melhor o que quer dizer. Ouvir, assim, é ouvir o que não faz sentido, o que
transborda na fala, o que não é dito. Será
que conseguimos saber tudo que se passa ao nosso redor? Que tal deixar de lado
seus próprios pré-julgamentos e se mover para uma zona de não saber que precisa
ser explorada?
Saber ouvir como uma habilidade para o futuro do trabalho...
Estamos adentrando num mundo
em que as tecnologias evoluem para serem onipresentes em nossas vidas.
Inseridos no mundo digital, cada vez mais teremos dados para nos ajudar a fazer
diagnósticos e nos dizer o que está acontecendo. Com isso, corremos o risco de
delegar às máquinas o entendimento do que se passa em nosso negócio, com nosso
cliente ou com nossa equipe. Ledo engano! Mais do que nunca, será preciso sabermos
ir além das planilhas e dos números gerados pela Inteligência Artificial
através de Big Data. Dados são apenas indicativos, pistas, que podemos usar como
novos mapas auxiliares. O fundamental, mesmo, será explorar, através de muita
escuta, os ambientes complexos em que trabalharemos e os seres humanos que os
compõem: só assim saberemos o que se passa de verdade nesses locais e poderemos
entender como agir.
Nesse contexto, toda empresa
tenderá a ter um valor diferenciado se for capaz de escutar seus clientes, seus
funcionários, seus concorrentes e a comunidade na qual está inserida. Somente através
dessa capacidade de escuta seremos capazes de construir pontes para engajar
essas pessoas e criar conexões sustentáveis para os nossos negócios.
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Esta foi a #4 habilidade
de nossa série habilidades para o futuro. Acompanhe esta série de posts aqui no blog
http://designersdofuturo.blogspot.com.br
Muito bacana! Mesmo com a evolução das máquinas, não podemos deixar de ser humanos, parece que a gente ta meio no piloto automático, sem se dar conta do que acontece em volta, talvez o futuro do "ser humano" seja não ser máquina e sim lidar com ela.
ResponderExcluirOi Alessandro, cada vez mais vamos ter que nos aliarmos as máquinas. O grande segredo será aumentar nossa capacidade de ouvir as pessoas. Com tantas tarefas no automático o que nos diferenciará das máquinas é esta capacidade de interagir e só conseguimos isto para valer através da escuta! Isso ai que você falou, temos que deixar de sermos máquinas (automáticas) e cada vez sermos mais sensíveis!
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