NEM MESMO OS CRIATIVOS ESTÃO A SALVO


Empresa espanhola de moda troca publicitários por inteligência artificial

Carlos Teixeira
Designer do Futuro

Este é um alerta para as pessoas prestarem atenção. Não é para jogar o Mac pela janela, como os luditas pretenderam fazer com as máquinas no final do século 18. Feito o alerta, vamos ao que interessa: Nem mesmo os criativos da publicidade e do marketing estão a salvo de algumas influências da inteligência artificial.  Na Espanha, uma empresa de lingeries, a CosaBella, substituiu o trabalho de sua agência de marketing e publicidade pela inteligência artificial.

De acordo com dados apresentados pelo site Puromarketing, sem a intervenção humana na produção de peças publicitárias caras e na compra de tempo em veículos tradicionais, as vendas bombaram. Sucesso total, isso mesmo. No Facebook, a atuação da inteligência artificial conseguiu melhorar os resultados em 565%. O retorno dos investimentos em geral teve aumento de 336% . Após três meses de experiência, a empresa fechou o período com receita 155% maior.

O responsável pelos resultados extremamente favoráveis tem nome: Albert. O sobrenome é Adgorithms, a plataforma de inteligência artificial específica da marca, responsável pelo gerenciamento de seus esforços de marketing e publicidade na internet. O sistema tem a "responsabilidade" de identificar públicos mais importantes e, em seguida, se concentrar neles para gerar conversões nos nichos de mercado. As decisões sobre metas e parâmetros utilizados nas campanhas são tomadas pelas máquinas.

"Depois de trabalhar com o Albert e outros parceiros na inteligência artificial, não contratamos mais humanos para gerir os aspectos técnicos de nossas campanhas publicitárias", garantiu o CEO da Cosabella, Guido Campello para o PuroMarketing.  Segundo a publicação, a empresa não faz mais nada em marketing e publicidade online de forma manual. O argumento é de que houve uma descoberta de que os esforços não eram escalável e nem apresentam um controle de custo eficaz.

Sinal vermelho

O case espanhol aciona um sinal de alerta para quem considerava os criativos como uma categoria profissional com condições de sobrevivência garantidas para o futuro. Um dos últimos relatórios do Fórum Econômico Mundial inclui a criatividade entre a terceira principal habilidade mais importante no futuro das carreiras. Neste exato momento, certamente há uma penca de gurus do empreendedorismo garantindo o mesmo, colocando mais de 50 tons de cores vivas nas perspectivas de atividades associadas à criação.


Mas, como já foi dito, é bom colocar as barbas de molho, para quem tem madeixas mesmo com tanto calor provocado por crises climáticas. O raciocínio não é de que a criatividade vai perder importância. É necessário entender as variáveis que terão influência no processo.

Empresas reduzirão ou trocarão os investimentos em agências ou departamentos de marketing e de publicidade por inteligência artificial porque a sociedade caminha acelerada para o que se definiu como customização de massa. O consumo de massa está morrendo, levando junto a comunicação direcionada à multidão. E a publicidade tradicional, como a gritada ainda hoje por varejistas e vendedores de automóveis em rádios, será enterrada. 

As últimas feiras de tecnologia de consumo realizadas pelo mundo afora mostraram que os investimentos em inteligência artificial são crescentes. A mensagem é: a busca por produtividade a todo custo (humano, em especial) ganha força. Quem achar que está tranquilo é porque realmente não está entendendo nada. 



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