#3 A AUTOGESTÃO: VOCÊ SABE O QUE QUER, ESTABELECE PRIORIDADES E MANTÉM O FOCO?






Por Júlia Ramalho
Transformadora de pessoas e empresas na sua melhor versão


A autogestão nada tem a ver com uma armadilha tosca de “rotinas para o sucesso”, como muitos apregoam. Ela é a capacidade de reconhecer um desejo único, aonde se quer chegar, e de focar nas ações necessárias para chegar lá. E saber que, para isso, é preciso abrir mão de muitas coisas, porque nosso tempo é finito.

Num mundo em que as tecnologias estão lendo nossos comportamentos on-line, é de se esperar que sejamos tentados com cada vez mais ofertas de consumo: consumo de notícias, de produtos e serviços, de soluções para a vida, dentre outros. Será importante irmos além dos scripts prontos, dos roteiros de vida apregoados em revistas de sucesso e de carreira.

Estamos entrando numa era em que garantias prontas de sucesso não se sustentarão. O imperativo das mudanças disruptivas e bruscas exigirá que tenhamos um norte claro para que possamos, como um GPS, reprogramar nossa rota. Não há como avançarmos neste futuro, que já chegou, sem um norte próprio e sem a autogestão.

Suponhamos que você acorde de manhã e, antes mesmo de sair da cama, cheque suas mensagens. Em seguida, se distrairia zapeando no Facebook e nos grupos do WhatsApp. Quando se assustasse, já estaria começando a ficar atrasado para o trabalho. Ao chegar ao serviço e ligar o computador, ativaria várias telas ao mesmo tempo: uma planilha de orçamento, as pesquisas a serem feitas para um novo produto, sites de notícias, e por aí vai. Durante o dia, atenderia a todas demandas que fossem chegando: e-mails, telefonemas e todo tipo de chamada para trocar uma ideia ou pedir algo. Fofocas pessoais, comentários do time de futebol, a atualização de uma nova moda ou uma onda da internet, até mesmo o que rola dentro na firma. Tudo te interessa e capta sua atenção. Quantos de nós não temos vivido nesse fluxo interminável de multitarefas e assuntos?


Um cliente em processo de coaching dizia que valorizava família e amigos, ao mesmo tempo em que seu sonho era ser o presidente na empresa em que trabalhava. Como conciliar responsabilidade por um número cada vez maior de pessoas, de operações, de estratégias, de articulações complexas e políticas com uma vida tranquila a ser desfrutada com amigos e família? Algumas coisas são inconciliáveis por serem praticamente excludentes em uma vida que, como dissemos, tem limitações de tempo.

Não delimitar o que queremos nos deixa à deriva em uma sociedade que nos ilude de que tudo podemos. Nos deixa à deriva nas demandas do outro. Sem um norte claro, não estabelecemos os preços que estamos dispostos a pagar. Não fazemos nossas escolhas e, com elas, identificamos o foco a ser mantido para alcançarmos o que desejamos.

Durante os últimos tempos, a importância da organização e da disciplina foi totalmente desconstruída. Vivendo os resquícios de um mundo rígido, estruturado e autoritário, passamos a pensar que a alternativa a tudo isto seria a liberdade, e ser livre se resumiria a viver sem regras, sem limites, tudo podendo. Ledo engano.

Para sermos livres, de fato, é preciso descobrirmos o que nos move e o que fazemos melhor. Pelo que nosso coração bate mais forte. Com o que o tempo passa sem que percebamos. Sabendo disso, entenderemos também que há um “pedágio” em nossa escolha. Que é preciso dedicar estudos e treinos a este fazer. E que só conseguiremos isso quando formos capazes de abrir mão daquilo que nos distrai, nos faz perder tempo, não nos ajuda a avançar. É preciso, sim, foco e disciplina para sermos aquilo que queremos. Como um músico de jazz, treinamos muito com regras a execução da música, para, só então, podermos improvisar com liberdade.



Em breve volto com mais uma das habilidades para o futuro.


Comentários

  1. Ótima colocação, parabéns pelo texto!
    Em alguns momentos parecia contar trechos do meu dia a dia.

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  2. Oi Alessndro, bacana seu retorno! Temos que ficar atentos. Se conseguimos perder o foco com o início das novas tecnologias, imagine com o que vem por ai? Hora de saber o que quer, organizar as demandas e foco, heim! Abração, Julia

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