#7 INOVAÇÃO: COMO VOCÊ LIDA COM PROBLEMAS COMPLEXOS?


Por Eduardo Loureiro
Acredita que pessoas conectadas pelos motivos certos podem provocar outros mundos e mudar suas vidas.

E Júlia Ramalho
Transformadora de pessoas e empresas na sua melhor versão.


A situação...
Em meio à crise e à falta de posicionamento, para evitar que sua empresa quebre um empresário está sendo obrigado a reduzir todos os custos que pode, demitindo bons funcionários. Para tentar vencer esse momento difícil, ele tem seguido o que seus concorrentes estão fazendo na tentativa de não ficar para trás. Será que esse é o melhor caminho? 


A confusão... (ou o erro)
Hoje em dia, os clientes estão cada vez mais exigentes e têm preferido as empresas que, de fato, lhes ajudam a resolver problemas. Mas ainda é comum que gestores tentem inovar simplesmente olhando para os lados, observando o que a concorrência já está fazendo, ou tentando ter novas ideias a partir da repetição dos mesmos processos: de dentro de seus escritórios, envolvem na questão apenas a diretoria, que pouco contato tem com os clientes da empresa.

A noção de que a inovação é exclusividade das empresas de tecnologia é outro senso comum que cria problemas. A tal “invenção tecnológica“, que representa algo novo e disruptivo, que chega e muda completamente o mercado. Quem se lembra do lançamento do Iphone, por exemplo? E ainda encontramos hoje aqueles que acreditam que a inovação só acontece quando utilizamos algum dispositivo digital em um negócio... É o que tem acontecido neste exato momento com os bares denominados “inovadores“, assim denominados por serem os primeiros a utilizar um controle digital via cartão nas torneiras de chopp, possibilitando o self service por parte do cliente. 

Mas será que inovação precisa, necessariamente, depender de uma solução digital/tecnológica, que muitas vezes nem mesmo atende a uma necessidade real dos clientes? Será que inovar é simplesmente copiar o que deu certo em outro lugar? 

Afinal, o que é inovação? 

Quando uma solução é desejável pelas pessoas, viável economicamente para o mercado e aplicável do ponto de vista técnico, estamos diante de uma inovação. Tal solução pode ou não conter uma tecnologia digital, mas isso não é o mais importante. Antes de tudo, inovar é mudar a forma de interação com o seu cliente, gerando mais valor para seu produto ou serviço.

A inovação é, portanto, o resultado de um processo criativo, que tem como premissa o olhar para fora da empresa, para o lugar em que os clientes estão. Esse processo tenta identificar o comportamento dos clientes para, a partir disso, construir um entendimento profundo sobre as necessidades e desejos de cada um deles.

É nesse momento que entra em cena o design. Opa, mas o que design tem a ver com inovação? Mudar embalagem, visual de loja ou marca fazem um negócio ser inovador? 

Design: um modelo mental inovador

Melhoria estética é o primeiro resultado que nos vem à mente quando falamos de design. Mas a associação entre design e negócios, que as empresas mais inovadoras do mundo estão fazendo, não entende o design como atributo estético: o design é um modelo mental e uma ferramenta para projetar produtos e serviços melhores para os clientes. 

O Design Thinking, como chamamos essa ligação entre design e negócios, tem como pilares a empatia, a colaboração e a experimentação. Tais pilares devem ser apropriados como verdadeiros modelos de pensamento e de ação, de modo que a empresa consiga recorrer ao mesmo processo criativo utilizado por um designer para projetar objetos e peças visuais como ferramenta para cocriar soluções que efetivamente gerem valor para os clientes.

A inovação como diferencial para o futuro do trabalho 

Através desta série de conversas que estamos criando sobre as habilidades para o trabalho do futuro, algumas coisas devem estar claras. Quando visualizamos este futuro, percebemos que as forças tecnológicas que estão surgindo têm feito com que ele se torne cada vez mais vulnerável, incerto, complexo e ambíguo. Tudo isso temos traduzido numa única palavra: disruptivo. Assim, como no mantra budista, a única certeza que temos quanto ao futuro é a da impermanência! Haverá mudanças cada vez mais rápidas e, para lidar com elas, precisaremos nos ocupar cada vez mais com inovação. 

Inovar é resultado de um exercício permanente de uso da criatividade a partir do entendimento profundo do seu cliente. Diante dos novos poderes tecnológicos, poderemos a cada dia inventar formas novas para ouvir, para estar presentes, para oferecer e criar soluções para o cliente. 

8 dicas para inovar

  • Saber observar, escutar e dialogar: para assim entender o ponto de vista dos clientes, por meio da compreensão do seu comportamento, necessidades e desejos.
  • Criar em grupo, dando voz ativa às pessoas da sua equipe: pois envolver as pessoas e colaborar é essencial para fazer uso de diferentes pontos de vista em favor de uma solução construída por todos.
  • Não ter medo de experimentar e encarar o erro como oportunidade de aprendizado: para evitar desperdício de tempo e dinheiro em soluções que o cliente não quer, não entende ou não sabe usar.
  • Exercitar o modelo mental do design: pois existem várias ferramentas e técnicas no processo criativo do design, as quais nos ajudam a tomar decisões, entender as necessidades dos clientes e cocriar soluções. Porém, antes de tudo vem o modelo mental. Sem ele, nossa tendência é seguir o caminho tradicional: gastar muito tempo e dinheiro planejando e implementando uma ideia que não teve a contribuição de outras pessoas e que não leva em conta a real necessidade dos clientes. 
  • Praticar a diversidade: chamando outras pessoas, de diferentes áreas, para as conversas estratégicas da empresa. Quem melhor do que o atendente, que lida com o cliente no balcão todos dias, para entender as necessidades dele? Colaborar é um exercício de humildade, de abrir oportunidades para que os outros criem a partir das suas ideias, de modo que um resultado melhor seja cocriado por todos.
  • Ter um espaço dedicado: um ambiente fora da correria e, de preferência, que estimule as pessoas a fazer novas conexões e não ter medo de errar. Se sua empresa tiver uma área ao ar livre, por que não? Saia do seu lugar de rotina para que um outro olhar ajude novas perspectivas a fluírem.
  • Ter prazo: pois o inimigo do bom é o ótimo. Em tempos de inovação, é preciso ter um tempo para concluir e avançar. Testar a ideia é fundamental. Não precisamos de cinco anos para ter uma ideia ótima. Já imaginou isso numa época de transformações disruptivas? Aprenda a criar a versão Beta e a fazer os ajustes necessários. Para isso, estabeleça prazos e evolua com pequenos pilotos.
  • Criar uma rotina: pois se a rotina nos ajuda a executar atividades sem que seja preciso parar para pensar, será possível ter uma rotina de pausa para pensar e inovar? Ter um momento específico para não deixar que o automático nos impeça de inovar é fundamental. Agende com o time um momento para criar novas ideias. 

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Sobre os autores:

Eduardo Loureiro é Managing Partner da DesignThinkers Group e da DesignThinkers Academy no Brasil. Tem 12 anos de experiência em pesquisa, prototipação, UI design, service design e modelagem de negócios. É cofundador da Voël (Pesquisa e Design de Produtos Digitais), Mozaiko (Educação e Inovação Social) e Business Jam (Laboratório de Empreendedorismo). Professor das pós-graduações em Design de Interação e Comunicação Digital da PUC-Minas e facilitador no Mesha LAB, programa independente de inovação. É pioneiro no estabelecimento das disciplinas de User Experience Design no Brasil e já trabalhou em projetos para grandes organizações, como Google, Localiza, Banco BMG, Banco BDMG, Aeroporto RioGaleão, Fundação Dom Cabral, Porto Seguro, Fundação Lemann, Sebrae, FIAT Chrysler, entre outras. Participa do grupo dos Designers do futuro através de discussões sobre o impacto dessas tecnologias nas carreiras, gestão e sociedade.

Júlia Ramalho reside em Belo Horizonte (Brasil) e ajuda pessoas e empresas a revelarem o seu melhor, ao clarear propósitos e manter foco nas ações necessárias. Faz isso há mais de 18 anos através de atendimentos em clínica e em coaching. Possui formação como psicóloga, coach e administradora, sendo também mestre nesta última área. Desde 2005 vem investigando as novas tecnologias e seus impactos para o trabalho e as futuras gerações. Como gestora, dirige a Estação do Saber (www.estacaodosaber.com) e foi presidente fundadora da International Coach Federation – Chapter Minas. Coordenou projetos de discussão sobre as novas tecnologias (ETC_BH, 2009 a 2013) e de transformação da nossa cultura e sociedade (Estação Pátio Savassi, 2005 a 2013). Atualmente, vem se dedicando à construção de uma metodologia de orientação de carreiras através de conhecimentos de coaching, design thinking e análise de forças tecnológicas − como inteligência artificial, internet das coisas e realidade virtual, dentre outras. Coordena e participa do grupo Designers do futuro, que tem por objetivo promover discussões sobre o impacto dessas tecnologias nas carreiras, na gestão e na sociedade.

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