O que rolou na SXSW e as novas tendências para comunicação


Por Luiz Buono 
Crio o clima e trabalho para que cada pessoa encontre o melhor de si. 

e Júlia Ramalho 
 Paixão por ajudar a transformar pessoas e organizações na sua melhor versão. 

Nos últimos posts abordei como as inovações tecnológicas vem mudando nosso modo de vida e nossa relação com o trabalho. Como já foi dito, acredito que estar atento ao que vem acontecendo ao nosso redor, as necessidades do mundo e a troca de ideias, são ótimas formas de entendermos as mudanças e como agir em relação a elas.

Nesse sentindo, aconteceu na última semana, entre os dias 9 e 18 de março, em Austin, no estado do Texas (EUA), a 32ª edição festival South by Southwest (SXSW). Considerado um dos mais importantes encontros de inovação, economia criativa e tecnologia do mundo, o evento reuniu pessoas de diversas partes do planeta em busca de conhecimento sobre as mais diversas áreas que estão em constante evolução. Além dessas palestras e debates, o festival conta com uma programação musical e cinematográfica. Para se ter uma ideia da importância e grandeza do SXSW, foi em edições passadas do evento que empresas, como Twitter e Foursquare, surgiram. Além disso, já se apresentaram no evento Mark Zuckerberg (criador do Facebook) e Elon Musk (criador da Tesla). Este ano, a delegação brasileira contou com 77 empresas, entre startups e grandes empresas, como Natura, Itaú Unibanco e Embraer.

Entre os brasileiros presentes no SXSW estava Luiz Buono, CEO da Fábrica, agência especializada em conectividade/digital/life. Propus a ele que nos contasse um pouco do que viu por lá e quais inovações e tendências vão interferir na forma como nos comunicamos. Esse pode ser um interessante conteúdo para continuarmos os nossos debates sobre tecnologia e futuro. Vamos lá?

Júlia Ramalho: Quais suas impressões e o que você destacaria nesta edição do SXSW? O que você viu por lá que você vai aderir na condução do seu trabalho? 

Luiz Buono: Vi que a tecnologia tem que andar de mãos dadas com a consciência e a busca por um mundo melhor. Vi que os avanços tecnológicos estão alcançando patamares inimagináveis e que o ser humano precisa estar cada vez mais consciente de como usar a tecnologia para o bem.

Júlia Ramalho: O especialista em marketing e inovação, Rohit Bhargava apresentou no SXSW sete novas características sociais que em breve devem imperar em diferentes campos da tecnologia e da comunicação. Entre as características/tendências da nossa sociedade, então: sem gênero, que diz que algumas marcas vão reavaliar produtos, serviços e marketing que estejam segmentados por gênero; modo humano, devido ao crescimento da automação, as pessoas querem experiências autênticas; e consumidor iluminado, no qual as pessoas não estão mais só preocupadas com preço e qualidade, elas querem que suas crenças sociais e a construção de um mundo melhor estejam contidas naquele produto. Gostaria de ouvir sua opinião sobre essas tendências e como o mercado brasileiro já se prepara para isso? 

Luiz Buono: Concordo totalmente com o Rohit. O mundo sem gênero já é uma realidade e muda nossas crenças, nos obriga a mudar o olhar. Nos mostra outras formas de se amar e relacionar. Quanto mais diversifico meu olhar, mais tenho chances de ser feliz. O modo humano é uma verdade que veio na esteira de um mundo dominado pela hipocrisia. Pelo "que deve ser dito" e não o que é de verdade. O mundo quer mais verdade. Autenticidade. Quanto ao consumidor iluminado, acredito que isso faz parte da era de aquário, de um novo zeitgeist, de um tempo onde "não me contento em ser apenas um robô a serviço do sistema", mas um ser consciente, com sonhos, vontades ligadas a minhas reais vocações, e na crença que existe uma inteligência maior que nos conduz e temos que nos render a ela. Recuar o ego para a vida poder acontecer.

Júlia Ramalho: Gosto muito da ideia de sairmos do ego sistema para o eco sistema...

Júlia Ramalho: No painel que abordava sobre inteligência artificial transformando a indústria do luxo, da moda e da beleza, os painelistas Guive Balloch (L'Oreal), Megan Berry (Reveal) e Tony Pinville (Heuritech) concordaram que, independentemente do tipo de negócio, a tecnologia melhora a experiência da marca, mas só quando realmente oferece algum ganho para a relação com o consumidor. Você concorda com isso? Você acredita que, sem ganho, a tecnologia por ela mesma não tem mais espaço? 

Luiz Buono: Percebo que desde a história de ficção científica, até a marca no ponto de venda, as pessoas querem algo conectado com a realidade. Ficar no campo do sonho apenas, não convence mais. Amadurecemos enquanto seres humanos, queremos experiências verdadeiras. A comunicação precisa tocar em todos os sentidos, nos levar a vivências, e não apenas promessas. "Se você fala, eu tendo a acreditar. Se você vive, você acredita". Hoje mesmo aqui na agência desenvolvemos um projeto de lançamento de produto que é pura experiência; a comunicação está dentro da vida real simulada. A tecnologia boa, é aquela que você não vê, só sente!

Júlia Ramalho: Com todas as informações que apurou por lá e debates que participou, como você vê o papel da comunicação em uma sociedade do futuro na qual a inteligência artificial, a automação e a tecnologia de forma geral, realizará diversas atividades e “dominará” nosso universo? Como você vê sua profissão nesse futuro? 

Luiz Buono: Penso que a comunicação do futuro estará sempre inserida em histórias interessantes e experiências incríveis. Tudo é uma evolução. Para evoluir não podemos mais fazer comunicação de informação. Agora que a tecnologia está se exponencializando, temos que ter a capacidade de transportar as pessoas para novas dimensões, mostrar sentimentos que elas nem imaginem que possuam, surpreender, encantar. E quanto mais verdade humana, gentileza, sabedoria, educação estiver inserida, mais credibilidade as pessoas terão. Estamos entrando na era do 'ninguém me engana mais". Na era de todos ajudando todos a desfrutarmos de uma vida mais prazerosa e feliz. Vale muito a pena "experimentar” o SXSW. Não só pelas palestras, mas pelo mundo que você descobre em uma semana.

Luiz Buono reside em São Paulo. É CEO da Fábrica, agência especializada em Conectividade/Digital/Life. Se formou em Administração na PUC. Trabalhou na JWT, Y&R, DPZ, Salles, Leo Burnett, DM9, entre outras empresas. Gosta de mindfulness e meditação. Está no Linkedin e Facebook.

Júlia Ramalho reside em Belo Horizonte (Brasil) e ajuda pessoas e organizações a revelarem o seu melhor, ao clarear propósitos, ver possibilidades diante das incertezas e manter foco nas ações necessárias. Faz isso há mais de 18 anos por meio de atendimentos em coaching e clínicos. Possui formação como psicóloga, coach e administradora, sendo também mestra nessa última área. Desde 2005 vem investigando as novas tecnologias e seus impactos sobre o trabalho e as futuras gerações. Como gestora, dirige a Estação do Saber [www.estacaodosaber.com] e foi presidente fundadora da International Coach Federation – Chapter Minas. Coordenou projetos de discussão sobre as novas tecnologias (ETC_BH -2009 a 2013) e de transformação da nossa cultura e sociedade (Estação Pátio Savassi – 2005 a 2013). Atualmente se dedica à construção de uma metodologia de orientação de carreiras através de conhecimentos de coaching, design thinking e análise de forças tecnológicas como inteligência artificial, internet das coisas e realidade virtual, dentre outras. Coordena e participa do grupo designers do futuro, que tem por objetivo promover discussões sobre o impacto dessas tecnologias em carreiras, gestão e sociedade.

Comentários

  1. Dá prazer ler esse texto. Parece ser o primeiro ano que vejo tantos brasileiros ir em caravanas ao SXSW. Como não fui, obrigado por serem esses olhos com sensibilidade e profundidade.

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