Seis dicas para se reinventar/viver em um mundo sem trabalho.



Por Júlia Ramalho 
Paixão por ajudar a transformar pessoas e organizações na sua melhor versão.

No post anterior propus uma reflexão sobre o conceito e as evoluções que o mercado de trabalho já passou. Hoje, vivemos um momento de avanço e evolução tecnológica que vem modificando a vida dos homens em vários campos, o mercado de trabalho não fica fora disso. Estamos vendo diversas profissões surgirem por causa da tecnologia e outras funções, antes realizadas por indivíduos, sendo feitas por máquinas. Ali começamos a entender que a forma como conhecemos o trabalho vai mudar, ou melhor, já está mudando, mas como será viver esse novo mercado de trabalho?

Abaixo, você encontrará seis dicas importantes para essa evolução profissional rumo ao mundo sem trabalho, vamos lá?

1. Arriscar e Prototipar

Para além da ideia de emprego como conhecemos, para conseguir um trabalho você pode arriscar nos novos formatos. Como já falamos aqui no blog, vem crescendo a GIG Economy e isso exige que você faça as coisas de forma diferente, pesquise e aprenda a vender seu trabalho on-line.

Além disso, sempre há uma ideia que pode se tornar um negócio. Para uma ideia ser colocada em prática não precisamos ficar indefinidamente aprimorando e calculando os riscos. É hora de fazer as coisas de forma simples, com foco no usuário/cliente e lançar a versão beta, de teste. É no caminho que vamos nos aperfeiçoando!

Você já procurou saber sobre a economia compartilhada? Mais do que o ter as coisas, as pessoas querem usar. Por que ter um carro para ir de A a B e deixar o carro parado 8h? Por que não usar o carro de outra pessoa? Por que ter uma casa na praia para ir apenas de 15 a 30 dias no ano? Por que não usar a casa de outra pessoa? Em vez de pagarmos pela posse, podemos pagar pelo uso. Você sabia que já existe aluguel, por assinatura mensal, de roupas e assessórios de marcas renomadas? Quando que isso era pensável há 30 anos?

O mundo mudou, os valores compartilhados na sociedade estão mudando, o mercado do trabalho e as ideias de negócio mudam junto, não é mesmo?

Agora, como saber se de fato um negócio vai dar certo? Não tem como saber, mas é possível arriscar com pouco e aos poucos. O que muitos especialistas e inovadores tem afirmado é que cada vez mais estará ao alcance do cidadão e de pequenos grupos a possibilidade da inovação. Diferentemente do que acreditávamos antes, não é preciso grandes estruturas para inovar.

2. Compartilhar ideias

Não subestime o poder da troca com o outro e não tenha medo de expor suas ideias e projetos, seja com profissionais da sua área ou não. Essa interação abre horizontes de conhecimento, expande o alcance da mente, além de poder tornar grandes ideias em realidades geniais. A partir do momento que você compartilha, abre diálogos para um novo ponto de vista que antes poderia não ter pensado. O compartilhamento permite aperfeiçoar a ideia, solucionar problemas que impedem que o seu plano se concretize e fortalece laços. É melhor você encontrar pessoas que queiram contribuir com seu projeto do que ficar segurando a ideia e ela não sair do pensamento. Para implantar um projeto ou estabelecer um negócio precisamos de uma rede de pessoas advogando essas ideias junto com a gente. Quem sabe sua boa ideia sobre o mercado que atua não está precisando ser compartilhada para que possa ser colocada em prática? Quem sabe não surja parcerias importantes e que te dê fôlego?

3. Entender as necessidades que existem no mundo

De um lado a humanidade tem desafios intermináveis e que estão longe de serem solucionados, como, por exemplo, alimentar toda a população, garantir o acesso à água potável, educação para todos, serviços básicos de saúde, energia sustentável, segurança, cuidado com o meio ambiente, moradia e acabar com a pobreza. Esses são os pontos mais destacados pelo pessoal do Vale do Silício, especificamente Peter Diamondis, da Singularity University. Já do outro lado, temos uma tecnologia exponencial que vem se tornado cada vez mais potente e barata, como, por exemplo, sensores e networks (IOT), robótica, biologia sintética, medicina digital, nanomateriais, inteligência artificial, computação das nuvens (supernova) e impressoras 3D e 4D. Como essas novas tecnologias podem ser apropriadas por você ou um pequeno grupo de pessoas inovadoras para solucionar os problemas intermináveis acima?

O que Peter Diamondis acredita é que estaremos cada dia mais vivendo a abundância de recursos para problemas da humanidade. Ele apresenta dados de como o custo com comida, eletricidade, água potável, transporte e comunicação caiu significativamente no último século. Neste sentido, mais pessoas tiveram acesso a mais recursos. Se pensarmos bem, fomos precisando de ideias, pessoas e muito trabalho para disponibilizar isso tudo, não é mesmo? Então, imaginem agora que mais e mais pessoas terão acesso a tecnologias potentes e a custos cada vez mais baratos. O que será que pode acontecer?

4. Recombinar sua profissão com as novas tecnologias

Ligado a importância de entender as necessidades que existem no mundo, você também deve estar atento a sua profissão e como ela pode se aliar a tecnologia. Nesse sentido, jornalistas e publicitários puderam explorar a comunicação digital e se tornarem analistas de mídias ou produtores de conteúdo para web. Assim como esses profissionais, você deve avaliar como você pode atuar em um mundo tecnológico. Como se destacar e se tornar útil diante a tecnologia? Estar à frente da tendência te ajuda a ter um norte de desenvolvimento, a antecipar as mudanças. Melhor do que ficar obsoleto, não é mesmo? 

Um exemplo dessas mudanças se dá na área de nutrição. Você sabia que já existem testes para saber como seu organismo reage a determinados alimentos? Ainda há bioimpedância, um exame bastante comum entre atletas e esportistas, que ajuda você a medir a quantidade de gordura corporal que contém. O que facilita determinar a melhor dieta para cada pessoa. Com essas tecnologias, a nutrição não é mais uma ciência genérica, mas estuda cada vez mais o que é bom para você.

É preciso entender que a forma como o homem interage como o mundo a sua volta está se modificando. Nessa realidade, a forma e o meio como nós nos comunicamos, compramos, realizamos nossas atividades diárias não é a mesma como há de alguns anos. Devido a isso, devemos ficar atentos as novas soluções para problemas antigos e novas possibilidades que surgem com essa evolução. Veja que muitas pessoas estão conquistando novos mercados com novos produtos e serviços para uma sociedade em constante mudança. Outras pessoas estão adaptando o mercado para as novas exigências das pessoas. É o caso do próprio comércio que vem se adaptando as exigências de um novo consumidor. Tem ou não tem muito trabalho pela frente?

5. Expandir as fronteiras da sua profissão

O momento em que vivemos é das fronteiras das profissões mais fluidas. Então, é hora de ampliar as possibilidades de desenvolver novas habilidades e conhecimentos. Hoje em dia, o conhecimento técnico e formal é preciso, mas não é o mais importante para que uma empresa te contrate ou o retenha em sua equipe. Ou seja, o diploma conta, mas as organizações querem que você tenha outras habilidades, como trabalhar em equipe, saber se comunicar, ter senso crítico e saber resolver problemas, dentre outras.

O que acontecerá quando robôs puderem exercer as funções antes reservadas aos enfermeiros? Talvez o papel do enfermeiro possa avançar para ser melhor ouvinte do paciente e menos operador de procedimentos de cuidados, não é mesmo? Se todas as profissões têm tarefas repetitivas e rotineiras, então, elas podem ser automatizadas. Quanto mais rápido entendermos isso, mais rápido vamos poder nos mover para as áreas de soft skills da profissão. Ou seja, ir para além do técnico e cada vez mais humano.

6. Adapte-se a mudanças

Nesse contexto, é preciso se adaptar às mudanças! E elas são tanto tecnológicas quanto de soft skills. As tecnológicas já são fatores relevantes para quem contrata hoje em dia. As soft skills são bem abordadas no“How to Prepare Yourself for the Future of Work”, de Thomas Oppong, como as características fundamentais para o trabalhador do futuro. Ele destaca a importância do pensamento crítico, olhar criativo, colaboração intensa, excelente capacidade de comunicação, engajamento, capacidade analítica, ter pontos de vista próprios, saber trabalhar com pessoas muito diferentes de você, excelente conhecimento em ferramentas digitais e adaptabilidade total.

Para os profissionais que não possuírem essas características, Yuval Noah Harari, professor da Universidade Hebraica de Jerusalém e autor do livro “Sapiens – Uma Breve História da Humanidade”, acredita que eles farão parte de uma nova classe de pessoas que surgirá até 2050. Em artigo publicado no The Guardian, intitulado “O Significado da Vida em um Mundo sem Trabalho”, o professor afirma que nem todos conseguirão se reinventar e se qualificar para as novas funções que surgirão com o avanço da tecnologia. Diante disso, surgirão o grupo dos inúteis. "São pessoas que não serão apenas desempregadas, mas que não serão empregáveis", diz o historiador, que continua: “essas pessoas devem se envolver em atividades com algum objetivo maior. Caso contrário, irão enlouquecer”. Dá frio na barriga, mas se você se mover o quanto antes poderá se reinventar!

Como não se tornar um ‘inútil’? 

A ideia de estar atento a sua profissão, as funções que realiza e a preocupação pela constante qualificação é sabido e necessário. Alguns definem como sendo o momento de eterna aprendizagem. Não existe ponto de chegada (“me formei e estou pronto” “ou “fiz pós e tenho as qualificações necessárias”), a ideia agora é estar atento as mudanças e desenhar o futuro. Ou seja, ser um #designersdofuturo, estar sempre reprogramando a rota e buscando novos conhecimentos. Além disso, a questão do propósito ganha mais relevância, bem como a importância de co-construir e de se articular. Muitas vezes tentamos nos reinventar sozinhos o que é muito difícil. Quando nos associamos com outras pessoas com visões diferentes isso nos ajuda a ver além e a conseguir ampliar pontos cegos. 

Você já se atentou para este futuro que se desenha? Como está se preparando para ele?Deixe suas dúvidas nos comentários abaixo.


Júlia Ramalho reside em Belo Horizonte (Brasil) e ajuda pessoas e organizações a revelarem o seu melhor, ao clarear propósitos, ver possibilidades diante das incertezas e manter foco nas ações necessárias. Faz isso há mais de 18 anos por meio de atendimentos em coaching e clínicos. Possui formação como psicóloga, coach e administradora, sendo também mestra nessa última área. Desde 2005 vem investigando as novas tecnologias e seus impactos sobre o trabalho e as futuras gerações. Como gestora, dirige a Estação do Saber [www.estacaodosaber.com] e foi presidente fundadora da International Coach Federation – Chapter Minas. Coordenou projetos de discussão sobre as novas tecnologias (ETC_BH -2009 a 2013) e de transformação da nossa cultura e sociedade (Estação Pátio Savassi – 2005 a 2013). Atualmente se dedica à construção de uma metodologia de orientação de carreiras através de conhecimentos de coaching, design thinking e análise de forças tecnológicas como inteligência artificial, internet das coisas e realidade virtual, dentre outras. Coordena e participa do grupo designers do futuro, que tem por objetivo promover discussões sobre o impacto dessas tecnologias em carreiras, gestão e sociedade.  

Comentários