6 dicas para lidar com a ansiedade no trabalho

Por Júlia Ramalho
Paixão por ajudar a transformar pessoas e organizações na sua melhor versão,
vejo oportunidades diante as incertezas.

No último post falamos sobre o crescimento dos números de pessoas com Transtorno de Ansiedade e de Estresse. As causas, como sabemos, podem ser muitas, mas a tecnologia e sua transformação social vem contribuído para o aumento rápido dessa estatística. Como já conversamos por aqui, a tendência é o avanço desta tecnologia e, com isso, a mudança no mercado de trabalho. Será que seremos pessoas mais ou menos ansiosas depois destas transformações que começam a se desenhar neste futuro tão próximo? Pesquisas mostram que as novas gerações, mais especificamente os millennials, lidam mais com o transtorno do que as gerações mais velhas. Ou seja, 30% deles relataram sentir ansiedade contra 25% dos baby boomers e 26% da geração X.

Uma coisa é certa! Se você chegou até aqui é porque alguns questionamentos sobre sua carreira vêm consumindo um pouco de sua tranquilidade. Será que estou no emprego certo? Será que estou fazendo o necessário para me destacar como profissional? Será que sou qualificado o suficiente? Será que estou preparado para assumir outras funções que o mercado exigirá no futuro? Será que essas novas funções estarão de acordo com o meu propósito?

Sabemos que fórmulas prontas para acabar com essas dúvidas, medos e a ansiedade, não existem, mas preparei seis dicas que podem contribuir para uma rotina de trabalho menos estressante. Vamos lá?


1.     Identifique quais situações lhe causam mais ansiedade

São os prazos de entregas? A forma como é conduzida a liderança? A falta de planejamento de todas as tarefas? O estresse e a ansiedade no trabalho podem ser resultados de inúmeras questões que atrapalham a rotina em nosso ambiente de trabalho. Detectar o que te aflige, se são os prazos muito curtos, chefes exigentes ou excesso de projetos alocados, é o primeiro passo dado para a busca da resolução do que causa estresse e ansiedade. Muitas vezes temos certeza que estamos realizando uma atividade que condiz com nosso propósito, mas a forma como realizamos o trabalho nos deixa ansiosos. É hora de ajustar o cotidiano para que possamos desempenhar melhor nossa função. Em alguns casos, uma boa conversa com seu líder, mostrando como a atuação dele está te deixando ansioso e menos produtivo, pode ser um caminho. Se você está numa cultura organizacional que permite essas conversas francas, vá em frente! Por outro lado, se a organização que você está não permite essas conversas, será que você está no lugar certo? Será que não é hora de planejar novos voos? 

2.   Prepare-se para a pressão

Prazos e metas fazem parte do mundo corporativo! Por isso, devemos ter em mente que passaremos por pressão em algum momento de nossas carreiras ou mesmo nos trabalhos autônomos, que chamamos de GIG work. Saber negociar os prazos antes de começar a tarefa ou o projeto é fundamental. Conhecer seu ritmo de produção e estabelecer as metas viáveis ao invés de fazer promessas para ganhar o trabalho que exigirá de você o impossível, é o mais acertado! Toda expectativa pode e deve ser negociada. Os tópicos a seguir, como planejamento e autoconfiança, são importantes para saber lidar melhor com esses momentos.
  
3.     Autoconhecimento e autoconfiança profissional

Quando conhecemos nossa capacidade de executar uma tarefa/trabalho e somos desafiados a desempenhá-lo ficamos mais motivados e engajados. Confiar no nosso potencial e no trabalho que estamos realizando diminui o espaço para o estresse e ansiedade. A autoconfiança causa impactos direto no cotidiano profissional, como: mais produtividade, aumento da busca por objetivos maiores, inspiração para os colegas, aumento da disciplina. O autoconhecimento permite que a gente conheça melhor nossas vulnerabilidades, o que nos ajuda a lidar melhor com as críticas e a nos colocar numa zona de aprendizagem constante. Muitas vezes a ansiedade aparece por nos cobrarmos um desempenho irreal, perfeito. E, em tempos de internet e redes sociais, estamos expostos a ver a vida “perfeita” das outras pessoas, o que gera mais cobrança sobre nossa vida e desempenho. Será que tenho o melhor emprego que deveria ter na minha idade? Será que meu relacionamento é o que mereço? Confiar mais no que é o seu desejo e suas escolhas lhe dá conforto para saber que não será perfeito. Algumas coisas não serão as melhores, mas sim o que você quer. Ou seja, autoconhecimento possibilita aceitarmos melhor a nossa diferença, o que não quer dizer que seja o mesmo que ser perfeito!

4.     Foco na organização e nas prioridades

Sem esses dois pontos fica muito difícil trabalhar e, com toda certeza, vai gerar cobranças, atrasos na entrega, diminuição da confiança no trabalho, estresse e ansiedade. Por isso, devemos compreender e distinguir o que é urgente do importante. O primeiro, é tudo aquilo que se não for resolvido imediatamente tem potencial de causar problemas e se tornar prejudicial à imagem e reputação da marca/empresa ou mesmo de sua própria reputação. Já o segundo, é tudo aquilo com potencial de gerar resultados. Muitas vezes o que é importante se torna urgente por que foi negligenciado em seu tempo. Ainda há o contingente, as coisas que acontecem de forma inesperada e causam impacto no fluxo do trabalho. 

Para saber o que é importante, discuta com seu gestor e pergunte se o que você está fazendo é o que ele espera que você faça. Muitas vezes as coisas estão organizadas, mas não paramos para ouvir as expectativas das outras pessoas. Ajustar isso, dentro do possível, ajuda a diminuir parte dos problemas e do que pode causar ansiedade. Tendo isso em mente, estabeleça ao menos uma prioridade no dia anterior, algo que tem que ser resolvido. Em seguida organize seu dia em uma lista de atividades, defina etapas e prazos, determine objetivos e saiba delegar e dividir tarefas. Mantenha um tempo para que pequenos improvisos, contingências, que podem acontecer sem deixar sua agenda em colapso. Por exemplo, uma reunião importante marcada em cima da hora ou um atraso devido ao trânsito. Isso parece óbvio, mas as pessoas estão achando que conseguem controlar o tempo de tudo. Sem saber das prioridades, vão encaixando tarefas e distrações (ficar na internet de bobeira, por exemplo) sem perceber que o tempo não é tão elástico assim. Então, sem estabelecer essas prioridades, se sentem sempre fazendo as coisas e, muitas vezes, não se sentem realizando o que gostariam, não é mesmo? O que é prioridade para você?

5.     Saiba quando dizer não

Dizer ‘não’ é libertador, mas pode não ser uma tarefa fácil. Ter em mente o que é importante e a listagem de suas atividades em um papel podem te ajudar a argumentar o porquê do ‘não’. Sem isso, fica mais difícil. Suas demandas urgentes têm prioridade antes de ajudar um colega de trabalho ou mesmo assumir mais uma tarefa determinada pelo seu chefe. Saber de suas prioridades pode facilitar a negociação de prazos e tarefas com seus gestores ou pares. Por outro lado, muitos tem dificuldade em “dizer não” por questões de estrutura de personalidade. Acham que podem tudo e que são responsável por tudo. Outros, por que acham que só assim poderão ser reconhecidos e amados. Complexo, né? Esse tópico é muito bom para ser trabalhado num processo de coaching, quando precisa-se delimitar o que é importante. E, também, muito bom para ser trabalhado numa terapia/análise, quando diz respeito a questões de uma estrutura de personalidade. Veja se você consegue visualizar em qual situação se encaixa, se for esse o seu caso. 

6.     Propósito

 A urgência do propósito já foi tema de alguns bate-papos nossos. Hoje, as pessoas não estão preocupadas apenas com os lucros e ganhos decorrentes de suas profissões. As pessoas querem ter um motivo maior, além do salário, para se levantarem todos os dias rumo ao trabalho. Muitas vezes, quando o propósito de vida não condiz com as atividades realizadas dentro de uma empresa, a insatisfação, estresse e ansiedade podem fazer parte da rotina do trabalho. Esse tópico se torna muito importante para a questão da satisfação, do autoconhecimento e da autoconfiança profissional.

Em resumo, saber qual seu propósito e ter segurança sobre sua capacidade profissional são importantes para eliminar ou diminuir significativamente a ansiedade no trabalho. Quando entendemos o que queremos e onde queremos chegar fica mais fácil de planejarmos nossas ações e descartarmos tudo que, de certa forma, atrapalha essa nossa caminhada. Ainda, ficamos mais seguros com nossa imperfeição e em “dizer não”. 

Como podemos perceber, essa caminhada não é simples ou fácil! Mas, ao entender nossa expertise, o que queremos, nosso propósito e o mercado ao qual estamos inseridos, conseguimos visualizar as mudanças e possibilidades no campo do trabalho e traçar os nossos próximos passos.  

O que te deixa mais ansioso e estressado no trabalho? O que você tem feito para lidar com isso? 


Júlia Ramalho reside em Belo Horizonte (Brasil) e ajuda pessoas e organizações a revelarem o seu melhor, ao clarear propósitos, ver possibilidades diante das incertezas e manter foco nas ações necessárias. Faz isso há mais de 18 anos por meio de atendimentos em coaching e clínicos. Possui formação como psicóloga, coach e administradora, sendo também mestra nessa última área. Desde 2005 vem investigando as novas tecnologias e seus impactos sobre o trabalho e as futuras gerações. Como gestora, dirige a Estação do Saber [www.estacaodosaber.com] e foi presidente fundadora da International Coach Federation – Chapter Minas. Coordenou projetos de discussão sobre as novas tecnologias (ETC_BH -2009 a 2013) e de transformação da nossa cultura e sociedade (Estação Pátio Savassi – 2005 a 2013). Atualmente se dedica à construção de uma metodologia de orientação de carreiras através de conhecimentos de coachingdesign thinking e análise de forças tecnológicas como inteligência artificial, internet das coisas e realidade virtual, dentre outras. Coordena e participa do grupo designers do futuro, que tem por objetivo promover discussões sobre o impacto dessas tecnologias em carreiras, gestão e sociedade.

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